Centro de Vitória: Arquitetura Centenária é relíquia
Tony Silvaneto
O encanto com o cenário estimula viajantes e turistas a conhecerem locais históricos. Um dos principais fatores para a motivação é o contato com a arquitetura. O Centro Antigo da capital do Espírito Santo revela mais de 460 anos de existência e mantém-se preservado. Relíquia da história brasileira e marco do período colonial.
O clima que o ambiente promove é o resultado da conexão entre o passado e o presente. O lugar, por exemplo, onde o Padre Anchieta ajoelhou-se para rezar causa fascínio aos visitantes. É desafiador, também, pensar no Palácio Anchieta, sede do Governo do Estado, em sua forma original: a Igreja de São Tiago.
De acordo com a Arquiteta, doutora em Planejamento Urbano e professora do IFES Eliana Kuster, a Igreja de São Tiago era virada para o largo, depois se tornou a Praça João Clímaco, de repente virou Palácio do Governo e passou por toda uma remodelação para ficar voltada para o mar. Isso é um simbólico muito importante do que foi a transição da cidade nesse momento: era pautada pela religião e, de repente, passa a ser uma cidade pautada pela política, pela República.
Invasão
Caso a caminhada turística pelas ruas do Centro Histórico de Vitória continue, a imaginação fluirá. Basta pensar no Vice-Almirante Holandês Piet Heyn, em 14 de março de 1625, invadindo a Vila de Nossa Senhora da Vitória, antigo nome da capital.
“O conhecimento não só da nossa história, mas, também, da importância dessas construções que, de alguma forma, materializam a história no espaço, é fundamental, porque não valorizamos o que não conhecemos”, explica a Arquiteta.
Heroína
Uma jovem de 21 anos chamada Maria Ortiz liderou moradores a um ataque aos invasores, utilizando paus, pedras e água fervendo. Finalizou sua audácia com um disparo de canhão que, além de abater os inimigos, chamou a atenção dos defensores da Vila.
O desfecho foi a morte de 38 militares e a fuga do Almirante após o encontro com a valente moça.
Escadaria Maria Ortiz (Foto: Tony Silvaneto) Escadaria Maria Ortiz (Foto: Tony Silvaneto)
Arquitetura
O fato está gravado nos antigos livros de história do Brasil Colônia. O valor histórico aumenta quando se pode ver e tocar. No lugar da Ladeira, em 1924, foi construída uma escadaria que recebe o nome da heroína.
Hoje, a arquitetura do local não somente permite o acesso da parte baixa à parte alta da cidade, mas serve de referência e reflexão sobre a valentia do povo capixaba.
A arquitetura do Centro Histórico de Vitória é muito rica em termos de reunião de tempos históricos e de estilos diferentes. Ela dá um excelente panorama do que foi o processo evolutivo. Nesse sentido, ela afirma que a arquitetura é um testemunho do que foi o processo de ocupação e de desenvolvimento. O fato de ser concentrado na região central é bastante significativo
Arquiteta Eliana Kuster
Academia Espírito Santense de Letras, junto à Praça João Clímaco (Foto:Tony Silvaneto) Academia Espírito Santense de Letras, junto à Praça João Clímaco (Foto:Tony Silvaneto) Capela Santa Luzia: edificação mais antiga de Vitória (Foto: Tony Silvaneto) Capela Santa Luzia: edificação mais antiga de Vitória (Foto: Tony Silvaneto) Igreja Nossa Senhora dos Rosarios dos Pretos: construída por escravos (Foto: Tony SIlvaneto) Igreja Nossa Senhora dos Rosarios dos Pretos: o terrenos foi doado pelo Capitão Felipe Gonçalves dos Santos (Foto: Tony SIlvaneto) Igreja Nossa Senhora dos Rosarios dos Pretos: possui em sua história, desentendimento entre Peroás e Caramurus em face do desaparecimento da imagem de São Benedito do Convento (Foto: Tony SIlvaneto) Theatro Carlos Gomes: Construído em 1923, a partir de um projeto do arquiteto André Carloni, inspirado no milanês Theatro Scala (Foto: Tony Silvaneto)
Segue o podcast completo da entrevista com a Arquiteta, doutora em Planejamento Urbano e professora do IFES Eliana Kuster. Vale ressaltar que é de grande valia preservar a história brasileira e conhecer o Centro Histórico de Vitória.
Foto do Destaque: Tony Silvaneto
Edição: Diogo Cavalcanti