Grafitti é arte de protesto das mulheres
Tony Silvaneto
O grafitti está presente em todas as metrópoles do mundo. Embora seja uma arte praticada, geralmente, por homens, na Grande Vitória (ES) a história foi diferente. Um grupo feminino chamado “Coletivo DasMina” quebrou a tradição e expressa sentimento, feminismo e protesto.
O Coletivo DasMina foi criado em 2012. Contou com mais de 20 mulheres no passado, mas, hoje, são cinco em atividade. Realizam o que chamam de “intervenção urbana”, porém com um toque diferente e sensível.
Ao incorporarem a luta por meio da arte, abordam temas como violência contra a mulher, corpo feminino, gravidez, sentimento, entre outros. Sem perder a graciosidade, passam mensagens de alerta e atenção ao que vivem nos grandes centros urbanos.
As grafiteiras utilizam latas de tinta em spray de diversas cores. Pintam muros e paredes e podem aplicar a arte em papel e objetos. Com a ajuda de cola ou outros materiais, misturam o grafitti a outras técnicas.
A artista Jessica Gomes, 24 anos, é uma das lideranças do grupo. Começou a grafitar com 17 anos e acredita que a troca de mensagens e sensações dispensa o entendimento do que seja arte ou não.
O Coletivo DasMina produziu painéis na Casa Libre, no bairro Itararé; no bairro Engenharia; e no muro do Teatro da UFES. Todos os locais em Vitória. Também produzimos em alguns lugares do município de Serra (ES)
Jessica Gomes, Integrante do Coletivo DasMina
Artista gráfica, Sandra Galiaço, 50 anos, tem uma opinião sobre as grafiteiras. Explica que as mulheres apropriaram-se do movimento como uma linguagem para serem ouvidas, mas podem usar, por exemplo, o funk, o Hip-Hop. Além disso, Sandra questiona o conceito de arte.
Acho que dentro dos parâmetros de Arte Contemporânea não há mais a divisão de movimento social ou artístico. Então, se pode ter exposição de ‘grafiteiros’ dentro de galerias e museus de arte
Sandra Galiaço, Artista gráfica
A Técnica de Segurança do Trabalho Priscila Rocha, 24 anos, entende pouco sobre grafitti, contudo pensa ser uma forma de expressão.
As pinturas em grafitti me deixam curiosa em saber o tempo de produção, o material que foi usado e quem fez o desenho
Priscila Rocha, Técnica de Segurança do trabalho
Priscila disse que apoia o grafitti desde que demonstre uma arte legal e que contenha proposta a ser transmitida. Diz ainda que deixaria pintar o muro da própria casa somente se fosse uma imagem de que gostasse muito.
Pichação
Em relação ao grafitti e a pichação, Jessica Gomes tem opinião formada. Admite que não vê tanta diferença entre os dois estilos. Quando há, ocorre no campo estético. Alega existência de corrente marginalizadora, principalmente, em relação à pichação. A estudante chama atenção para os preconceitos estimulados pela mídia.
Como se o grafitti fosse o bonito, feito pelo mocinho e a Pichação, o feio, feito por um vândalo. Quando na verdade, muitas vezes, o próprio grafiteiro, aclamado pela mídia, ‘picha’ vários pontos da cidade com a mesma lata que usou para fazer um painel colorido
Jéssica Gomes
História
Chamado de Street Art ou Arte de Rua, o grafitti surgiu como movimento artístico de intervenção urbana em 1970, na cidade de Nova York, Eua, e espalhou-se pelo mundo. As pinturas refletem a visão dos grafiteiros geralmente sobre o momento atual. As alegrias podem aparecer, mas a crítica social é freqüente.
Imagem em destaque: Tony Silvaneto
Edição: Diogo Cavalcanti