39 anos de Chernobyl – O maior desastre nuclear da história

Quase quatro décadas depois, tragédia deixou marcas profundas na natureza, ciência e humanidade

Cidade de Chernobyl anos depois da tragédia nuclear (Foto: Pexels, 2025)

Felipe Marques

O maior acidente nuclear da história e uma das maiores tragédias da humanidade ocorreu no dia 26 de abril de 1986, as 1h24 da manhã. O reator número 4 da central nuclear de Chernobyl, antiga União Soviética, explodiu, liberando 400 vezes mais radiação do que a bomba atômica de Hiroshima. O governo evacuou milhares de pessoas da área, e a zona em torno da usina permanecerá inabitável durante tempo indeterminado, tornando Chernobyl uma cidade fantasma.

Desde 2016, a ONU designa o dia 26 de abril como o Dia Internacional da Memória da Catástrofe de Chernobyl. Passados 39 anos, o desastre segue como um marco sombrio da história, lembrando o mundo dos riscos da energia nuclear e da importância da responsabilidade da sociedade diante das decisões que impactam gerações.

O que causou o acidente?

O desastre nuclear de Chernobyl foi causado por uma junção infeliz de erros humanos e falhas na concepção do reator. Durante um teste de segurança mal conduzido, o reator 4 sofreu uma explosão que destruiu parte da estrutura, expondo o núcleo do reator, que continha grandes quantidades de material radioativo. O incêndio durou dias e liberou uma grande nuvem de partículas radioativas (iodo-131, césio-137 e estrôncio-90, por exemplo) para a atmosfera. Essas partículas radioativas foram carregadas pelo vento e se espalharam por vários lugares da Europa. As direções e a velocidade do vento determinaram quais outras regiões foram mais contaminadas. Bielorrússia, Ucrânia e Rússia foram as regiões que mais sofreram, mas houve grande detecção de radiação até a Suécia e outros países do norte global.

Impacto na população e curiosidades

Cerca de 50 pessoas morreram diretamente devido ao acidente, sem contar as outras inúmeras pessoas que morreram devido a radiação subsequente. Estima-se que 8,4 milhões de pessoas foram afetadas pela radiação nuclear, incluindo 350 mil pessoas que foram forçadas a abandonar suas casas. Além das mortes, 6.000 casos de câncer de tireoide foram registrados em crianças e adolescentes na região. Para evitar novas explosões de vapor, os engenheiros chefes Alexei Ananenko, Valeri Bezpalov e Boris Baranov realizaram a missão perigosa de entrar no porão do reator de Chernobyl. Eles trabalhavam em uma das seções do reator e sabiam onde estavam as válvulas que precisavam ser abertas. A missão foi considerada um ato heroico que evitou a radiação de se espalhar mais ainda pela Europa. Eles conseguiram abrir as reclusas de água que resfriavam o reator, eliminando o risco de novas explosões de vapor.

Recomendações

A minissérie “Chernobyl”, criada por Craig Mazin, mostra o acontecimento de uma forma bem real e muito próxima do que realmente aconteceu, com cenas que parecem nos fazer voltar no tempo e viver de fato o desastre. A série da HBO foi extremamente aclamada pela crítica sendo colocada como uma das maiores e melhores séries da história.

Já o livro “Vozes de Tchernóbil”, da jornalista Svetlana Aleksiévitch, é uma junção de relatos de pessoas que viveram o desastre nuclear de Chernobyl. A obra reúne muitas entrevistas com sobreviventes, incluindo bombeiros, soldados, cientistas, e mães que perderam os filhos. Diferente de abordagens técnicas ou políticas, o livro oferece uma perspectiva humana e emocional sobre o acontecimento e suas consequências.

Livro premiado de Svetlana Aleksiévitch. (Foto: Felipe Marques)